domingo, 25 de abril de 2010

Da poeta Lúcia Helena Pereira. Vamos ler?

"DEVER DE MEMÓRIA"
Cléa Bezerra Mello Centeno
APRECIAÇÃO DE LÚCIA HELENA PEREIRA

Natal, 03 - 07- 2006

Querida Cléa.

A leitura do seu livro me fez tomar nas mãos, nos olhos e no coração, com devotada admiração, a expressão magnânima do primo Nilo Pereira, para assim, louvar a memória do seu pai:

"Que se pode dizer de um homem? Ele é a síntese da humanidade. Nelo estão todos os séculos. Por isso a história é o seu juízo. Impossível esquecê-la na interpretação da vida! Que diriam os homens de todos os tempos do homem de hoje? Talvez o mesmo que dizemos dele. O julgamento histórico muda o tempo e o espaço, mas não muda a essência humana"!
Hoje cedo, após seguir esse roteiro fantástico nas 344 páginas de "DEVER DE MEMÓRIA" (incluindo o pensamento de Célia na contra-capa), emoções benfazejas me acompanharam. Além das legendas, da rica memória fotográfica (inspirando revelações quase esquecidas na vertigem do tempo), você teve o cuidado de guardar registros e consultar várias fontes, entre elas: "Oiteiro: Memórias de uma Sinhá-Moça" de vovó Madalena (Maria Madalena Antunes Pereira) e "Imagens do Ceará-Mirim", de Nilo Pereira, que serviram de adornos à sua gloriosa estréia na literatura do Rio Grande do Norte.
Bem haja! Bem haja ao seu amoroso gesto na publicação da biografia de um homem de caráter impoluto: UBALDO BEZERRA DE MELLO. Creio que a cidade de Natal e o RN têm o dever de honrar e louvar tão nobre figura!
Com essa pesquisa histórica, política, social e humana, você vem inaugurar uma nova fase nas letras e na história de nossa terra. Um bela oportunidade para as novas gerações conhecerem outras ilustres figuras da política e de outros itinerários da história e de nossa cidade.
Na página 125 você ressalta, com igual fidelidade, as origens da Usina Ilha Bela narradas por vovó Madalena, bem como, expõe, numa seqüência rigorosamente fiel, os antigos donos da referida Usina, como é de se constatar o caso do barão de Ceará-Mirim, Manoel Varella do Nascimento - meu tisavô.
Mais adiante, na página 155, você vem descrever, com um carinho ímpar, os casamentos dos seus familiares na década de 40. Mais uma vez me emociono com as fotos e legendas, dessa feita, dos meus tios: Oneide Pacheco Freire e Antônio Eduardo Freire, que se casaram em 1945 (o ano do meu nascimento). Agradeço, nesse ítem, a referência aos meus avós maternos: Olympia e Raimundo Pereira Pacheco.
Imagino, Cléa, o que possa significar as saudades da antiga "BICA" - Fazenda Santa Terezinha (que eu conheci, ainda menina), e que Zélia recorda, sempre que nos encontramos e vasculhamos o passado. Nesse percurso, suas lembranças chegam com alegria e a certeza de que ali, ela viveu a sua fase áurea, suja vida de infância.
Talvez as sensações vivenciadas por vocês, naquela "BICA", tanto quanto as de Nilo Pereira do Verde-Nasce, preencham suas almas com o pensamento lapidar do nosso grande escritor Nilo: "... Só a saudade dá um sentido eterno às coisas findas".
Este é o meu aplauso, com vaidade e honra, por aquele que foi capaz de ser muitas
coisas ao mesmo tempo e seguir a vida, na sua conduta inconsútil, sem ostentações ou ironias, sem prepotência ou rancor, mas, sobremaneira, com a humildade dos que nascem essencialmente grandes. Grandes na essências humana e nas belas qualidades do caráter. Isso me leva a uma frase de minha mãe - Áurea Pacheco Pereira, um mês após o meu casamento, quando tomei ciência da morte do senhor Ubaldo Bezerra de Mello: "Homens como Ubaldo Bezerra não morrem nunca. Ficam como exemplos aos seus descendentes. Ficam como grandes árvores apontando caminhos. São esses homens que ficam, para nos lembrar da sua pureza, da sua capacidade de amar tão ampla, clara e profundamente"!
Parabéns, Cléa, por essa vitrine de relíquias luminosas contidas no seu livro. E que a sua linda sobrinha Zelhinha possa dar continuidade ao talento literário dos Bezerra de Mello. Para isso ela reflete a glória de ser poeta, nos lumes de suas palavras sobre o avô:
"...quando rico soube sem simples,
quando pobre soube ser altivo,
quando poderoso soube ser humilde,
quando derrotado soube ser herói"!

Este verso reúne a beleza da poesia de Zelhinha. A poesia molhada nas águjas da saudade e do amor ancestral. Aleluia! Hosana nas alturas!
E você, Cléa, conseguiu o seu intento: contar a história que estava guardada com a sua família. A história que nem todos poderão imitar, por viverem num mundo em que a pureza se esconde. Mundo onde a honestidade, a lealdade e a dignidade começam a ganhar outros rumos. E nós, representantes das sobras desses homens de bem, simplesmente baixamos a cabeça e dezemos: ainda bem que os nossos pais não viram as cenas da política atual: aviltante, afetando a alma do velho e magoando os sonhos da juventude e negando, veementemente, à infância carente, uma parcela do essencial.
Por tudo isso, Cléa, muito obrigada pelo seu livro.

Lúcia Helena Pereira
www.outraseoutras.blogspot.com
xiscada@hotmail.com
(84) 8821 5195

3 comentários:

LÚCIA HELENA disse...

Dez para o seu blog, ainda mais com minha tia Lula (Lúcia Helena).

Valeu, blogueira e escritora.

Ivanna Maria

impp@hotmail.com

LÚCIA HELENA disse...

BOM O BLOG DE V.SA.

BOM DE LER.

ABS.

RODRIGO F.MEDEIROS

rodrigodemedeiros@gmail.com

LÚCIA HELENA disse...

Sra. LFlau:


Sempre acesso o blog de minha Lulula (L.Helena P.) e vez ou outra vejo referência. Fui, então, no seu link e foi muito oportuno conhecer seu maravilhoso blog. às vezes ela me mandava abrir.

Um abraço.


Carlinha

carlinha@com.br