"O Chão de Nossa Terra”
Guardasse o Tempo o número dos passos
de todas as pessoas que passaram sobre “o chão de nossa terra”
nos mais diferentes e tocantes compassos,
esse número atingiria ou ultrapassariao
o das sementes das flores ,das frutas e das árvores
o das estrelas no firmamento?
Antes, os passos descalços dos indígenas,
depois os das criaturas mais pobres-e a dos negros escravizados,
acostumados às longas passadas em suas terras africanas...
As botas, botinas, dos mais abastados,
Os que passaram em procissão e cantorias por imagens santificadas,
Os embriagados, os pândegos, a estudantada e seus Mestres,padres e beatas,
poetas amigos das noites enluaradas e, mas também da escuridão...
Lágrimas nos enterros, dos que ficaram saudosos,
Suores dos trabalhos de fazer calçamentos com pedras,
dos vendedores, dos carregadores de liteiras,
trotes e marchas várias de cavalos com seus cavaleiros
ou daminhas, em selins especiais...
Sangue de forçados, prisioneiros, chicoteados,assassinados,
de joelhos em carne viva,por devoção ou castigo...
Soldados ao voltarem das guerras insensatas,
inconfidentes, magistrados,idosas senhoras em suas cadeirinhas,
jovens e criancinhas a subir e descer ladeiras.
Depois, as rodas das carroças e carruagens, substituídas por pneus,
desfiles e danças , turistas, automóveis e caminhões...
Peso demais para "o chão de minha terra",
onde os bardos e os artistas enxergam claros desenhos de dores e flores,
sinais, brados, denúncias, canções,pedidos, soluços de amor e de saudade,
dessa história maior e mais cheia de detalhes
que as histórias da História nos livros reveladas...
" Clevane Pessoa de Araújo Lopes , Belo Horizonte, MG
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