A professora mulher
Flauzineide de Moura Machado
Esta mulher bem vestida,
De aparente boa vida,
No sábado é faxineira,
No domingo lavadeira.
Durante a semana inteira,
Ela anda bem faceira,
Trabalhando sem parar.
Esta mulher bem vestida,
De aparente boa vida,
Não mostra a idade que tem,
Já trabalhou demais,
Ainda hoje é capaz,
De executar tarefas tão bem.
Ela é uma professora,
Esforçada, batalhadora,
Mãe de família também.
Inicia o seu dia de trabalho,
Como se fosse o primeiro,
Nada para ela é ronceiro,
Aceita os desafios tão bem.
É calma, mansa, incapaz,
De fazer mal a alguém,
Dissimula ofensas,
Procurando perdoar,
Mágoas não quer guardar,
Por saber que não faz bem.
Segue em frente, trabalhando,
Suas tarefas executando,
Sem reclamar a ninguém.
Cada dia uma esperança,
Tem dentro de si a criança,
Que não fez desabrochar,
Por timidez, incerteza,
Ela não teve a destreza,
Da infância aproveitar.
A professora mulher,
Faxineira, lavadeira,
Foi dentista, foi doutora,
Advogada, defensora,
Foi adivinha também.
Esta mulher esforçada,
É artista, equilibrista,
Contadora de histórias.
Ao chegar fim do mês,
Distribui o seu salário,
Com empenho extraordinário,
Aquele ali tem que dar...
Ela ainda dá carinho,
Dá amor e de mansinho,
Continua a trabalhar.
Esta mulher tão comum,
Ainda esposa é,
É também uma grande mãe,
Esta honrada mulher!
Do livro Poética Minha
Página 127
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