quarta-feira, 17 de março de 2010

As homenagens de março vão para as escritoras potiguares, cada dia uma fará este espaço cheio de encantamento e letras. Hoje é Anna Maria Cascudo.

Anna Maria Cascudo em visitação à Escola Estadual Berilo Wanderley conversa com as crianças.


Anna Maria Cascudo Barreto

Nasceu em Natal, no famoso casarão da Av. Junqueira Aires, hoje Av. Câmara Cascudo, aonde seu genitor produziu a maior parte da sua obra monumental. Filha de Dahlia Freire Cascudo e Luís da Câmara Cascudo, ele escritor de fama internacional, ela sua animadora e companheira por mais de cinqüenta anos de um casamento feliz. Anna, nascida em 13 de outubro de 1940, é a Segunda herdeira do casal; o primogênito, Fernando Luís, bem cedo foi ganhar a vida longe da Província, trabalhando nas Edições Bloch, e atualmente na Confederação Nacional da Indústria, no Recife. Fez seus estudos no Colégio da Imaculada Conceição. Ainda estudante, começou a trabalhar – tinha 13 anos de idade – na revisão do jornal “A República”.. Terminando o Curso Cientifico, fez vestibular para o Curso de Direito da UFRN, . Aprovada com notas altíssimas, foi noticia no “Jornal do Comércio” de Pernambuco, que acentuou sua pouca idade e a média obtida; 9,9, nas provas escritas e orais. Estreou no júri como Promotora. Foi a primeira Promotora da cidade do Natal em júri, e na época era a Promotora mais jovem do Brasil. Estreou com vitória, vencendo seu Professor da Faculdade de Direito – ensinava Direito processual penal – Antônio Soares Filho. Fez concurso para o Cargo de Promotor de Justiça. Aprovada, funcionou em diversos Municípios do Rio Grande do Norte. Defendeu Tese na Sociedade Brasileira de Criminologia, dirigida então pelo brilhante professor Roberto Lyra. Dele recebeu anel de Doutorado, e o Diploma de Doutora em Leis. Enquanto ascendia na carreira do Ministério Público, não deixava as letras e o jornalismo.. O Reitor Genario da Fonseca, que instalava a TV-Cultural no Estado, convidou-a para redigir, editar e apresentar um programa cultural,chamado “Semanario`s”, o primeiro apresentado e redigido por uma mulher no Estado, o programa , não somente sugeria livros (juntamente com o prof. Tarcísio Gurgel) mas mostrava desfiles de moda, turistas contando suas viagens, professores mostrando seus hobbies, artistas ao vivo criando, folguedos folclóricos se apresentando. Algo inédito no Brasil. Os quadros “A Outra Face”, “Batendo Perna”, mereceram destaque do jornalista Flávio Cavalcante. Promovida para Curadoria de Justiça da Capital e posteriormente por merecimento para Procuradora, permanecia na duplicidade funcional, galgando cargos e se destacando nos campos do Direito e das Letras jornalísticas. Eleita para Sócia do Instituto Histórico e Geográfico do RN, foi apresentada pelo escritor Nilo Pereira e saudada pelo orador Alvamar Furtado de Mendonça, Também fez parte da Associação de Mulheres da Carreira Jurídica. No Governo Geraldo Melo o jornal “A República” foi fechado. Anna Maria se dedicou ao marido, Camilo Barreto, aos filhos Daliana, Newton e Camilla e ao primeiro neto, Diogo. Mantinha estreita e profunda colaboração com os pais, que via diariamente, auxiliando-os nos seus problemas.Tempo em que, por diversas vezes, representou o pai em cerimonias nacionais. Com o falecimento do seu pai passou a cuidar pessoalmente e com o marido, apoiando sua mãe, cuidando do acervo e da casa de ambos. Falecendo sua genitora, suas funções de guardiã se ampliaram, mantendo ás suas próprias custas o funcionamento da casa-grande.. Com o centenário de vida do seu pai, Anna Maria compareceu a todas as homenagens prestadas. Fez e faz constantemente conferências sobre sua vida na intimidade. Membro da Associação das Escritoras e Jornalistas (AJEB) e foi uma das fundadoras da Academia Feminina de Letras, participando da primeira e Segunda diretorias Membro ativo do Instituto Histórico e Geográfico do RN, é também da Comissão Estadual de Folclore..Em 2004 foi aceita como sócia da REBRA, Rede das Escritoras Brasileiras. No dia 11 de junho de 2003 lançou, na Academia norte-rio-grandense de Letras, numa promoção da mesma e da Academia Feminina, seu livro “Mulheres Especiais”, editado pela GLOBAL (SP) e batendo recordes de presenças ilustres e vendagem de volumes. Editou uma plaqueta de 161 páginas, com Criticas e Depoimentos de escritores e jornalistas locais e nacionais, falando sobre seu livro.Ainda em junho de 2003, recebeu o Titulo de Cidadania do Município de Nísia Floresta, em sessão festiva, junto a políticos do Estado. Na Assembléia Legislativa do RN, na sessão de 26 de junho de 2003, foi homenageada em pronunciamento pelo Deputado Nelson Freire e demais Deputados.No dia 30 de julho de 2003, lançou o livro na Estação das Artes Eliseu Ventania, em Mossoró, Rn. No dia 30 de dezembro de 2003, numa promoção do Senado Federal – por intermédio do seu Conselho Editorial, - e da Federação das Indústrias do RN (FIERN) , com apoio do Governo do Estado e da Prefeitura da Cidade do Natal, lançou foto-biografia de Luís da Câmara Cascudo, no Solar Bela Vista, dentro das comemorações do 105 anos do seu pai., intitulado “O Colecionador de Crepúsculos”. São 246 páginas de texto, e 73 de acervo fotográfico, perfazendo 319 páginas. Além do lançamento, prestigiado pelo mundo intelectual local e nacional, também houve desfile de folguedos folclóricos. O “Colecionador de Crepúsculos” e “Mulheres Especiais” tiveram, da Inter - Tv Cabugi, concessionária da Rede Globo de Comunicações, o destaque , no dia 31 de dezembro, como “O Grande acontecimento Cultural do Ano”.Anna foi também uma das nove personalidades homenageadas pela Turma do Quarto ano do Curso de Arquitetura da Universidade Potiguar, através de atividade acadêmica da disciplina Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural, como “Personalidade que contribuiu para a História, Arte e Cultural do Estado do Rio Grande do Norte, durante o ano de 2003.”


CASCUDO & CROMOTERAPIA (livro Colecionador de Crepúsculo)

Papai sabia de coisas que a gente nem tinha ouvido falar. Certa manhã, passando por ele – que lia na sua cadeira de balanço, após o café – dirigia-me para o Fórum, levando uma flanela dessas que são encontradas nos supermercados. Minha intenção era, enquanto durasse a audiência, mandar lavar meu fusquinha por um garoto que ficava nos arredores, com a finalidade – conforme sua declaração – de “pastorar” os veículos dos juízes, promotores, advogados, escrivães, serventuários da justiça e etc. Estava com pressa, beijei-o rapidamente e ia saindo quando ele me fez parar:- Pode me fazer presente desta flanela?- É claro, mas para que uso? (Fiquei surpresa.) Sorrindo, informou-me:- É que a cor laranja é ótima para a memória, para levantar o astral e ainda dá sorte...Entreguei-lhe a flanela e saí, sem atinar que recebera mais uma valiosa lição acerca de uma ciência que só seria tratada na mídia dezenas de anos depois...
Anna Maria Cascudo Barreto

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