domingo, 20 de setembro de 2009

Seis mulheres, seis estilos, todas potiguares.

Clevane Pessoa de Araújo Lopes-Belo Horizonte

O Chão de Nossa Terra”

Guardasse o Tempo o número dos passos
de todas as pessoas que passaram sobre “o chão de nossa terra”
nos mais diferentes e tocantes compassos,
esse número atingiria ou ultrapassariao
das sementes das flores ,das frutas e das árvores
o das estrelas no firmamento?
Antes, os passos descalços dos indígenas,
depois os das criaturas mais pobres-e a dos negros escravizados,
acostumados às longas passadas em suas terras africanas...
As botas, botinas, dos mais abastados,
Os que passaram em procissão e cantorias por imagens santificadas,
Os embriagados, os pândegos, a estudantada e seus Mestres,padres e beatas,
poetas amigos das noites enluaradas e, mas também da escuridão...
Lágrimas nos enterros, dos que ficaram saudosos,
Suores dos trabalhos de fazer calçamentos com pedras,
dos vendedores, dos carregadores de liteiras,
trotes e marchas várias de cavalos com seus cavaleiro
sou daminhas, em selins especiais...
Sangue de forçados, prisioneiros, chicoteados,assassinados,
de joelhos em carne viva, por devoção ou castigo...
Soldados ao voltarem das guerras insensatas,
inconfidentes, magistrados, idosas senhoras em suas cadeirinhas,
jovens e criancinhas a subir e descer ladeiras.Depois, as rodas das carroças e carruagens, substituídas por pneus,
desfiles e danças , turistas, automóveis e caminhões...
Peso demais para "o chão de minha terra",
onde os bardos e os artistas enxergam claros desenhos de dores e flores,
sinais, brados, denúncias, canções,pedidos, soluços de amor e de saudade,
dessa história maior e mais cheia de detalhes
que as histórias da História nos livros reveladas..."

Esse poema, mereceu o primeiro lugar no FESTINVERNO 2009/Ouro Preto,Mariana, e estou muito alegre e honrada


Zelma Bezerra Furtado de Medeiros-Natal
Sou eu

Sou eu quem escreve
O teu nome junto ao meu
Na vidraça, quando embaçada
Pelo orvalho da noite
Sou eu a gata parda
Que te vem cheia de manha
De artimanha,
E te arranha e te ganha
Sou eu a aranha
Que tece teia na tua entranha
Sou eu quem te descansa
No colo
Sou eu quem te adora
E quem por amor te implora
Sou eu que os teus gigantes Engulo
Sou eu quem te atura
Sou eu quem te abraça
Quem te enlaça e te embaraça
Sou eu quem te caça
E te atiça, mestiço!
Sou eu a musa
Que te inspira
Sou o suor que transpiras
E o oxigênio que respiras
E que necessitas para viver
Sou eu de origem profunda
Em teu ser
Sou eu o teu
Inverno, verão, outono
E primavera multicoloridos
E cheios de chuva
De sol, de frutos e flores
Sou a fruta
Da qual te alimentas com desejo
Fruta verde, fruta ácida
Que às vezes te corta a língua
E te ofende por dentro
Mas, sou muito mais que isto:
Sou tua companheira
De todas as horas
Osso dos teus ossos
Carne da tua carne
Sou eu: tua mulher.

Maria de Fátima Nascimento da Silva-Angicos

Ciberpoema

Tempo de Advento
Tempo novo...
Devemos nos preparar.

Formatar nosso coração
É algo essencial...
Para que nele o amor possa
Sempre estar.

Instale novos programas
Paz
Justiça,
Solidariedade...
Para que nossas ações
Possam se fortalecer, fortificar.

Delete todas as impurezas:
Mágoa,
Ódio,
Inveja,
Tudo de ruim
Que nele possa se manifestar.

Não esqueça o Antivírus
Para que nele o mal,
Às coisas boas não possam
Mais estragar.



Eliene Dantas
Retalho de Vida
Retalho de pano
Com linhas da vida
Costura enganos
Amores da vida
Arco-íris sem cores
Rosas esquecidas
Na mesa revelam
A cama sem vida
Paisagens tão belas
Aos poucos esquecidas
Choram o desamparo
Da estrada da vida
Então chegam as águas
Dos rios da vida
O pôr-do-sol traz
Pedaços da vida
Canta a liberdade
Que não foi perdida
Depois do escuro
A construção da vida


Geralda Efigênia Macêdo da Silva
Mulher

Sou mulher.
Sensível, sensitiva,
Forte, guerreira.
Na vida,
Sou mais que um corpo
Para apreciação do macho.
Sou mais que um ombro
Para escutar lamentos,
Sou mais que dar momentos.

Sou mulher.
Altiva, moderna o suficiente
Para encarar quão mormente
Toda e qualquer ação que vier.

Sou mulher!
Sim, sou mulher.
Mãe... Atenta nas noites mal dormidas.
Nos choros reconhecidos de dor de desalentos.
Nas horas de incertezas, de tantas primeiras vezes.

Sou mulher!
Companheira de toda hora,
Amiga das horas incertas,
Esquecida das horas certas.

Sou mulher!
Pode ter certeza...
Pro que der e vier.
Seja o frio, seja o riso
A alegria ou a dor
No paraíso, eternizo,
Esse dor de ser mulher.


Maria de Fátima Carvalho
Inspiração no mar...

Inspiração no mar...
Num mar morno e sereno
De águas puras e cristalinas
No balanço dançante das ondas
Danço livre em poesia
E num bem estar tão profundo
Corpo e alma ali se fundem
Magia me que canta em mim
Singeleza da vida me mostra...

E o vento que vem do oceano
No meu ouvido sussurra
Pedindo pra eu compor
Doces versos pra seu mar
Me envolvo com véu de ondas
E ao mar solto meu canto
Pra ele medarencanto
Em qualquer canto do mundo

Ao mar entrego meus versos
Sentimentos na alma inspirados
Alegrias ou tristezas....
Pensamentos tão guardados
A cantarem em meu silêncio
Mas o mar com seu poder
Me seduz pra liberdade...
E solta bem lenta a minha voz
Que se junta a voz do vento...

20.07.09
Ao mar de Areia Branca/RN

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